A normalização do boquete e a censura do prazer feminino

17/04/2021
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Cunnilingus é censurado mais que boquetes e cenas de estupro

O que há de tão ameaçador no prazer feminino? A sexualidade da mulher aparenta ser causa de muita confusão… Hollywood parece estar repleta de comitês de censura que aparentemente ama a violência, mas suporta nenhuma expressão de prazer sexual feminino.

Este é um tópico especialmente interessante porque apesar de uma percepção cultural dominante de que homens heterossexuais não gostam de dar prazer a suas parceiras, os números na verdade sugerem o contrário. Supostamente, jovens heterossexuais amam dar e receber sexo oral.

Como os boquetes se tornaram populares, enquanto o prazer feminino é motivo de censura?

Muito disso começa com o tabu do prazer feminino. Existem inúmeras razões culturais que contribuem para a barreira do orgasmo (e disparidade no sexo oral nas telas), mas todos parecem surgir a partir de nossa negação do prazer feminino.

Para começar, a educação sexual não costuma focar no prazer. Crescendo, nossa definição de “sexo”, começa com o homem tendo uma ereção e terminando com a ejaculação. A sociedade julga mulheres por desfrutar de sexo, fazer sexo casual ou ter vários parceiros sexuais. Até comprar preservativos é ainda pouco aceito para mulheres.

Nossa língua conta uma história semelhante. Usamos as palavras “sexo” e “relação sexual” indistintamente, enquanto a estimulação do clitóris é considerada “preliminar” e não parte do evento principal. Temos incontáveis apelidos para “pênis” e poucos (se houver) para o clitóris. Tudo isso resulta em desinformação e normalização de alguns atos sobre outros (boquetes).

Então o que é necessário para normalizar o sexo oral (pelo menos na tela)? O universo do rap oferece um interessante estudo de caso. Há apenas alguns anos, havia muitos comentários tipo “não coma a buceta e brinque com as vadias” e agora Lil Wayne promete “transformar aquela coisa em uma floresta tropical, chuva na minha cabeça, chame de brainstorming”. Essencialmente, houve uma mudança: os rappers agora têm permissão para cantar sobre seu amor por lamber vaginas e realçar o sexo recíproco que estavam recebendo o tempo inteiro. Só podemos esperar que Hollywood faça o mesmo em breve.

Em um estudo recente envolvendo homens heterossexuais em idade universitária, 74% disseram que gostavam ‘muito’ de fazer sexo oral e 14% responderam ‘um pouco’. Ainda não estamos livres dos estigmas sexuais, mas estamos caminhando na direção certa. Fechar a barreira do orgasmo se resume a educação, conhecimento clitoriano e vontade de aplicar esse conhecimento. Devemos garantir igualdade nas estimulações peniana e clitoriana.

Mulheres e homens devem entender isso e realmente trabalhar para aplicar esse conhecimento. Só então seremos capazes de salvar a intimidade.

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